quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A falta de lógica em crer em uma determinada religião

Aqui inicío uma questão que muitos talvez já tenham percebido, outros no entando vivem sem perceber o óbvio: a falta de lógica em crer em uma religião específica.

Dividi o assunto em tópicos, para que se possa entender toda a problemática. Explico desde o motivo das pessoas crerem em suas respectivas religiões, passando pela loucura em afirmar a sua religião como verdadeira, até o ato destrutivo de se misturar política com religião. O objetivo desse texto é promover o agnosticismo e a neutralidade perante crenças, estas que nunca chegam num consenso ou lógica.

-A origem da religiosidade de um povo
-A problemática da conversão
-Egocentrismo cultural
-Ato destrutivo da sociedade
-Será que existe um criador?
-Qual a melhor opção?

A origem da religiosidade de um povo

O que muitos dos religiosos não percebem, é que a maioria deles segue a sua religião apenas por motivos culturais. Meus pais são católicos, porque meus avós eram católicos e ensinaram à eles. Eu também fui católico porque meus pais me ensinaram, apesar que eu larguei isso há algum tempo. E vejam só, eu moro num país de predominância católica, que foi colonizado por europeus que têm predominância católica também.

A maioria das pessoas seguem a religião de criação, elas são ensinadas desde pequenas de que aquilo é uma verdade absoluta; quando crescem, tendem a defender aquilo com garras e dentes, pois é o seu motivo de viver; é muito difícil e cruel aceitar um mundo onde não há um deus, principalmente pra quem foi criado desde pequeno acreditando em uma religião. A religião de criação, tende a ser a religião que predomina no seu país de origem, ou no país de origem dos seus pais, ou da família no geral. É apenas uma questão CULTURAL e não de fé.

Observem esse mapa (clique para aumentar):




Basta ver: América tem predominância cristã, pois foi colonizada por povos cristãos que são os europeus; Oriente Médio predomina o islamismo; no leste Asiático predomina o budismo; na Índia o hinduismo; no norte da África o islamismo e no sul cristianismo (não preciso nem explicar né? Colônias...); no leste europeu predomina o cristianismo ortodoxo e assim por diante.

A problemática da conversão
Quando uma pessoa não segue uma religião de criação, é porque ela foi convertida. Também é apenas por questões culturais. Mesmo que você tenha se convertido para uma religião de um país onde ela não predomina, é porque você foi influenciado por pessoas que eram dessa religião, ou mesmo do material que é divulgado; por esses e outros motivos, acabou se convertendo para determinada religião.

Alguns podem dizer "eu me converti porque descobri a religião correta", mas esses mesmos se esquecem que cada religioso no mundo diz que apenas a sua religião é correta. Abordo esse problema no item a seguir.

Egocentrismo cultural

Começo fazendo uma pergunta para os religiosos: por que você acha que sua religião é mais correta que as outras?

Muitos não saberão responder, pois seguem sua religião por apenas motivos culturais. Outros tentarão responder, porque defendem com unhas e dentes aquilo que foi dito como verdade para eles desde pequeno. Um religioso pode até me dar uma justificativa, mas será inútil. Por quê? Cristãos acham que a sua religião é a correta; judeus acham que sua religião é a correta; muçulmanos acham que a sua religião é a correta, e por aí vai. Cada um sempre acha que a sua religião é a correta, e que as outras são erradas, sendo que elas seguem suas religiões apenas por motivos culturais.

O problema se agrava mais quando cada religião se divide em ramos ou vertentes. Já não bastava as três religiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo) crerem no mesmo Deus e mesmo assim serem tão diferentes entre si, ainda por cima há várias vertentes em cada uma delas com diferentes crenças e doutrinas. No cristianismo temos as igrejas originais, Católica e Ortodoxa que eram uma única e se separaram por motivos históricos, além disso, no protestantismo existem milhares de igrejas com doutrinas diferentes; no islamismo há os sunitas, xiitas e outras vertentes; no Judaísmo há o judaísmo messiânico, judaísmo ortodoxo, judaísmo reformista, entre outras.

A partir do momento que você escolhe uma religião, você se torna pecador no ponto de vista de outras. Não adianta ser apenas uma pessoa boa para ir ao paraíso; cada religião tem suas doutrinas a serem seguidas. Se você é católico, você comete pecados graves do ponto de vista judaico, como por exemplo ser herege ao adorar um falso profeta (Jesus). Se você é católico, você comete pecados graves do ponto de vista muçulmano, ao comer carne de porco ou não usar hijab. E até as vertentes da sua própria religião podem te considerar um pecador; se você é católico, você é pecador do ponto de vista protestante, pois adora imagens. Esses são apenas alguns exemplos.

Já pensou se sua religião é a incorreta, e você for condenado ao "sofrimento eterno" por causa disso? Pois é.

Sem contar as interpretações dos livros sagrados. Há pessoas que interpretam certas partes literalmente e outras partes metafóricamente. Isso pode mudar muito, sobre o que é pecado ou o que não é; sobre o que é certo ou o que não é; sobre o que cada deus quer dizer. Não há um consenso sobre qual interpretação é a mais correta. Quando uma passagem soa plausível, é interpretada literalmente; quando soa absurda, cruel e insana, é interpretada metaforicamente.

As religiões nunca chegam em um consenso. Na ciência por exemplo, os cientistas avaliam qual teoria sobre determinado assunto é a mais correta; depois disso, fazem experiências para comprovar a veracidade daquilo. As religiões existem desde que o homem está no mundo, e até hoje nunca chegaram em um consenso sobre qual é a mais correta ou não. Esta imagem (clique para aumentar) mostra claramente a diferença entre a ciência e a fé. Ciência se baseia em lógica, fatos e experimentos; fé não tem base, nem evidências.



Além da religião ser de apenas função cultural, há motivos econômicos e comerciais. Porém, a questão comercial é mais válida pras igrejas que roubam e alienam na cara dura. Observem aqui uma igreja que tenta combater o evolucionismo (ciência) com o seu "CRIACIONISMO".



Nem um pouco mercenário não é? Apenas 79,00 reais.

Não vou me prolongar neste assunto, porque meu texto é direcionado a igrejas sérias e que a base delas não é totalmente o dízimo, em que os pregadores realmente são sérios e acreditam de verdade.

Igrejas que têm pregadores que só pensam em dinheiro e em enganar o povo nem merecem comentário....lavagem cerebral pura.


Ato destrutivo da sociedade
Uma das atitudes mais destrutivas da sociedade, com certeza é a mistura de religião com política. A partir do momento que você mistura religião com política, você priva a liberdade dos não crentes por puro egocentrismo cultural. Basta ver os políticos religiosos que são contrários a liberdade que os homosexuais NÃO TÊM (mas os heteros religiosos e brancos possuem), são contrários a pesquisas científicas, etc. Tudo por motivos religiosos.

Como disse o político Plínio de Arruda Sampaio do PSOL "o político deve fazer a política do Estado: pra quem é cristão e quem não é cristão, pra quem é ateu e pra quem não é ateu". E olha que o Plínio é cristão militante. Ponto positivo pra ele, um religioso que é a favor das liberdades individuais de cada um, um religioso que definitivamente merece respeito. É por isso que o Estado é laico; cada um tem direito de ter ou não ter religião, e a política deve ser direcionada para todos, independente de cor, crença ou opção sexual.

Estados que não são laicos possuem muitos problemas. Basta ver nos países do Oriente Médio, onde a religião é a lei do Estado; lá pessoas são executadas apedrejadas em nome do "livro sagrado", prática essa retrógrada e medieval. Parece muitas vezes que essas sociedades pararam no tempo. Muitos países de lá não permitem a construção de templos de outras religiões. Motivos? Segundo um teólogo islâmico, eles não permitem que ensinem outras religiões porque apenas o islamismo é correto. Assim como eles não deixam que ensinem nas escolas que "2+2=5" eles não deixam que ensinem religiões erradas. O porém é: eles caem na velha problemática do "apenas minha religião é correta" e não percebem o quanto são cegos.

Há benefícios da religião? Alguns. O conceito da família que eu tenho e que o ocidente tem, é um conceito totalmente cristão. É benéfico, mas não quer dizer que seja indispensável. Cito como exemplo o Japão - apesar de ter sido muito influenciado pelo ocidente - que está longe de ter a dita cuja moral cristã. A educação de lá é totalmente diferente da moral e dos princípios cristãos; mesmo assim essa sociedade funciona perfeitamente. Isso quebra o paradigma de que a moral cristã é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade, ou que só países cristãos são desenvolvidos.

Será que existe um criador?

Não sei. Talvez exista, talvez não, mas quem se importa? Todos vivem julgando a sua própria religião como a correta, mas não passam de cegos. Prefiro não me preocupar com isso, e sim me preocupar com meu desenvolvimento como ser humano e a construir uma sociedade melhor. Quem responderá essa questão é a ciência, não um livro religioso escrito a milhares de anos, no meio de outros tantos livros religiosos dissidentes.


Qual a melhor opção?
Religião é um egocentrismo cultural que culmina em diversas atitudes maléficas para nossa sociedade. É uma discussão que nunca terá fim, e que as pessoas ficarão presas mentalmente e ideologicamente por idéias ultrapassadas escritas por homens e não por deuses, onde não há certeza de verdade ou mentira. Mas nem por isso quer dizer que não exista um criador.

São por todos esses motivos que a melhor opção seria não escolher uma religião para si. É muito egocentrismo achar que a sua religião é a correta no meio de várias outras que também julgam a mesma coisa: "APENAS A MINHA RELIGIÃO É A CORRETA!". Quer descobrir a origem da vida? Quer descobrir se existe um criador? Estude, use a ciência a seu favor, use da lógica e o cérebro para procurar as respostas de suas dúvidas. Se tem algo que pode responder essa questão sobre a nossa origem ou se existe um criador, é a ciência que vai responder.

Você ser neutro quanto a religiosidade, não só garante mais a liberdade alheia, como promove a lógica, promove a ciência e um melhor desenvolvimento social e político.


Ser neutro quanto a religião é promover o desenvolvimento humano.